Chariots of Fire
1994, hora do intervalo na escola, a.k.a. “recreio”, eu e mais uns amigos lendo sobre o Palmeiras na Gazeta Esportiva e eis que aparece lá a ficha de inscrição para a 70ª Corrida Internacional de São Silvestre. Então um dos amigos, talvez o Claudio, mas não tenho certeza, sugere de irmos todos participar.
No fim, fomos. Lembro que saiu uma van de Guará cheia de conhecidos indo participar. Eu acabei indo com minha irmã e meu cunhado, pois depois seguiríamos para o revéillon em Rio Claro. Mas na hora da corrida, estávamos todos lá.
Entre a ideia no pátio do colégio e a chegada na Av. Paulista, houve um período de uns 4 ou 5 meses que a gente poderia se preparar pra corrida. Aí vocês até podem achar que nesse momento começamos todos a correr e treinar regular e disciplinadamente, mas éramos adolescentes. E adolescente em cidade do interior geralmente passa o tempo pensando em como dominar o mundo, mas sem muita aplicação prática das ideias, sendo continuamente sabotado pela oportunidade de poder começar a beber cerveja e, quem sabe, ter a sorte com uma ou outra garota. Ênfase no “quem sabe”, por favor.
Como resultado deste ambiente pouco incentivador, lembro que comecei a treinar de verdade uns 20 dias antes da prova. Treinava totalmente errado, achando que se o negócio era correr, então era fácil. Era só correr. O problema era que tínhamos que correr 15km, e aí ficava um pouco mais difícil. Mas com 16 anos, no auge da inconsequência do ser humano, o negócio era se atirar no precipício e torcer pra dar tudo certo no final.
Bom… resumindo a história, sei que esta foi uma edição vencida por um brasileiro, o Ronaldo da Costa. Soube disso pelos apoiadores que informavam os corredores dizendo “VAI, VAI! HOJE DEU BRASIL”. Legal, né? Mais ou menos… Saber que a prova já tinha vencedor e que você ainda tava lá no Minhocão correndo gerava um sentimento ambíguo de “meu Deus, o cara já terminou a corrida e eu tô aqui ainda” com “pqp, vamo lá que dá, só falta a metade”.
1h42min depois da largada, eu terminei a prova. Resultado tenebroso se fosse pra ter que competir. Lembro que teve amigo que terminou com uns 50min, outros em 1h.* Mas tudo certo. O importante era que eu tinha chegado no final.
O revéillon daquele ano, no entanto, foi uma vaga lembrança. Acho que quando deu meia-noite e um, já estava dormindo.
Mas se a vida é feita de experiências, taí uma que nunca esqueço. Até hoje tenho essa regata da corrida e ainda preciso colocar isso num quadro. Mas também não posso deixar de agradecer a minha irmã por ter feito me lembrar de tanta coisa legal resgatando essa foto de quase 30 anos atrás. (!!!)
A música de hoje é o clássico de Vangelis, tema do filme do mesmo nome da música, Carruagens de Fogo.
No mais, por hoje é isso.
*EDIT: o Claudio me corrigiu aqui, não deve ter tido ninguém na casa dos 50 min, mas sim na casa de 1h10-1h20 entre os melhores tempos da galera.